Sempre pensei que quando me mudasse da minha casa para um apartamento seria uma maravilha, morar no alto, podendo olhar a vista, poder andar pela casa despreocupada, sem o peso na consciência de alguém estar me observando, ou sem ninguém passar na frente da minha varanda olhando o que estava fazendo. Quem diria que estaria enganada…
Acho que não faz nem 10 minutos que estou sentada nessa varanda e passou um total de 7 carros, 4 motos, 2 pessoas andando de bicicleta e um casal caminhando (Apesar de que são 14:37, quem tem tempo para caminhar nesse horário? Geralmente caminham pela manhã ou à noite, mas bem, quem sou eu para questionar o casal fitness…) sem contar a minha vizinha da frente (que não é vizinha de condomínio, é apenas um ser humano da casa da frente) que resolveu limpar a casa (pela segunda vez no dia? Ela não fez isso de manhã?).
Tinha certeza que antes de sentar aqui não tinha um ser vivo PENSANDO em passar nessa rua, quanto mais esse batalhão. Eles deviam estar me esperando, só pode, é a única explicação para esse tanto de gente passando aqui, deviam estar todos na esquina, quando viram que eu ia sentar….
– Tá lendo é? Minha vizinha da frente (a que está limpando a casa pela 2ª vez hoje) acabou de perguntar.
– Sim, tô lendo. Apesar de que não consegui terminar de ler uma folha se quer, com carro, buzina e pessoas olhando para sua cara, quem consegue se concentrar?
Quer saber, vou entrar, mesmo aqui estando fresquinho, não tá dando certo esse monte de gente passando e olhando para mim.
– Poxa, mãe, podíamos ter ido morar no 10º andar (apesar do prédio só ir até o 5º), poderia ficar o dia todo na varanda…
O jeito vai ser ficar com o ventilador ligado, foi mal, mãe, tá quente demais e lá fora não dá para eu ficar!
(…)
Que engraçado, foi só eu entrar que os seres humanos desistiram de passar por essa rua, se bobear começa até a passar aquelas palhas do que tem nos filmes de faroeste, vai entender esse povo, vai entender!